
Com novas interdições definidas em função de riscos de
desabamentos, número de desabrigados deve crescer
Começou na manhã desta quinta-feira (16) uma grande ação de
trabalho da Defesa Civil de Ipatinga, com apoio de vários profissionais e
organismos agregados, para realizar vistorias e emitir laudos de imóveis
e estruturas danificados pelas chuvas que assolaram a cidade nos
últimos dias.

São engenheiros de diversas áreas e geólogos voluntários que
atenderam ao chamado para compor a força-tarefa extremamente
necessária neste momento, dada a dimensão da tragédia que ocorreu
na cidade, com dez mortos e quase 200 desabrigados até o momento.
Sob a liderança da Cedec – Coordenadoria Estadual de Defesa Civil e
com a participação de técnicos do CREA-MG – Conselho Regional de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de Minas Gerais, o
grupo se dividiu em equipes, que foram direcionadas para os locais
mais afetados.

Com mais de mil chamadas recebidas desde domingo, quando o
município foi atingido por uma tromba d’água de mais de 200mm de
precipitação em poucas horas, a Defesa Civil tem se desdobrado, mas
ainda é grande o número de imóveis que precisam ser vistoriados para
emissão de laudos. Com novas interdições definidas em função de
riscos de desabamentos, a expectativa é que o número de desabrigados
cresça, já que a recomendação é que as casas em situação de
insegurança sejam desocupadas.
“O trabalho vai fluir com este reforço que recebemos e, assim, daremos
atendimento às famílias que ainda estão aguardando. Moradores nessa
condição podem ficar tranquilos que a Defesa Civil está chegando”,
informou o secretário de Segurança e Convivência Cidadã, coronel
Warley Silva.

Nesta quinta-feira, o trabalho se concentrou no alto do bairro Bethânia,
onde um grande número de residências é passível de interdição, já que
ali ocorreram danos enormes no solo, encostas e residências.
Procedimentos
Os imóveis interditados recebem um adesivo e os moradores são
retirados de imediato. Proprietária de um barraco na rua Turim, dona
Raimunda, 62 anos, recebeu o laudo com a notificação para sair.
Imediatamente, ela juntou as roupas e objetos básicos e foi para o
abrigo. “É triste, mas estou confiante em Deus. Não posso arriscar
minha vida aqui”, disse. Uma vizinha dela foi uma das dez vítimas fatais
do temporal.

Além da verificação dos riscos do solo, as equipes da Defesa Civil
avaliam a estrutura física do imóvel. Onde há ameaça de rompimento de
taludes ou comprometimento estrutural é feita a interdição.
Com uso de drone, a força-tarefa consegue mapear o solo ao redor das
residências e chegar aos locais que estão com os acessos
interrompidos ou dificultados por barreiras. Cada imóvel avaliado recebe
um relatório com dados da família que habita o local e as condições em
que se encontra a moradia.
Calamidade reconhecida
Nesta quarta-feira (15), o Governo Federal reconheceu o Estado de
Calamidade Pública decretado no município. “Isso foi muito importante
porque abre as portas para os recursos federais. Mas por enquanto
estamos trabalhando com os nossos recursos, principalmente na
limpeza e na desobstrução das ruas. Nossa estimativa é de que a
destruição custará à cidade mais de R$ 520 milhões”, informou o
prefeito Gustavo Nunes.